39. Hoje eu sou a Lua. Porque Lua?

Eu era apenas uma criança numa madrugada igual a tantas outras, quando o meu mundo ficou um bocadinho mais vazio. Retiraram-na de mim sem pré-aviso e não me deram tempo para as últimas palavras que ainda hoje murmuro em silêncio com a esperança que ela as possa ouvir. 

A minha avó eras o meu bem estar e o meu sorriso sincero de criança, e naquele dia ela levou um bocadinho de mim, mas deixou tanto de si. Hoje eu ainda oiço a sua gargalhada e a sua voz. Ainda tenho o cheiro dela e o calor do seu colo, mas infelizmente, fisicamente, eu já não a tenho. 

Como qualquer outra criança eu podia ter-lhe chamado de estrelinha, mas essas vão-se. Vão-se quando o sol nasce e só voltam quando ele se vai. Mas ela sempre foi a minha super-avó, e por isso, a minha Lua! A Lua que me ilumina em toda a escuridão, que me dá consolo numa noite fria e triste, que me protege e me faz sorrir sem motivo. E quando o sol nasce ela não se vai. No céu fica apenas uma sombra branca quase transparente escondida pelas nuvens, mas que mesmo assim, continua lá, tal como ela. É por isso que eu me chamo Lua, porque a minha Lua é a minha avó, e eu sou tanto dela quanto ela minha. Hoje eu sei o quanto a amo, e o quanto ela me amou incondicionalmente, e apesar de isso não chegar, pelo menos ela nunca deixará de me pertencer. Eu sou dela, e ela é minha, hoje e sempre. 

E esta é a razão por eu me chamar Lua.